do Blog do Magno
Esta é a crônica das barbáries anunciadas na Fundação de
Atendimento Socioeducativo, a famigerada Funase. Sucedem-se as rebeliões,
motins, mortes e mutilações nas Unidades da Funase em todo o Estado.
As ocorrências são macabras, tipo esquartejamento de
menores, cabeças decapitadas, mãos ou braços decepados ... As cenas podem ser
descritas como bizarras, mas na realidade ocorrem com frequência nos rituais de
rebeliões da Funase.
O serial das tragédias anunciadas aconteceu da última vez na
Unidade da Funase, em Abreu e Lima. Falar em tragédia não é exagero, pois
resultou no esquartejamento de um adolescente, sendo a cabeça e um dos braços
jogados para fora do muro e uma das pernas pendurada na cerca de “proteção”.
Na unidade do Cabo de Santo Agostinho, recentemente, um
menor teve a cabeça decapitada. Não precisa ter bola de cristal nem ser profeta
para anunciar que novas rebeliões e novas tragédias estão em gestação para
eclodir nos próximos dias ou próximos meses, infelizmente.
O xis do problema é o seguinte: por que o Governo do Estado
não consegue exterminar o ovo da serpente na Funase? Resposta: porque esta não
é uma prioridade da ação governamental.
É mais fácil gastar bilhões de reais para construir uma
Arena da Copa do Mundo do que construir ou reformar as Unidades da Funase.
Simples assim. Dinheiro não falta. Falta decisão governamental.
As rebeliões são previsíveis, entre os principais motivos,
por conta da superlotação. Em Abreu em Lima, por exemplo, existem 243 internos,
quando a capacidade máxima seria de 98 detentos. Os exemplos de superlotação se
sucedem em todas as unidades, com mais agravantes.
A Funase em Pernambuco é subordinada à Secretaria da Criança
e do Adolescente do Governo do Estado. Mas, estranhamente, o diálogo entre a
Secretaria e a Funase é zero.
As notícias extraoficiais são de que a Secretaria elaborou
um projeto de reformulação e construção de novas unidades da Funase sem ouvir a
própria Funase. Houve zero integração, zero comunicação entre a Secretaria e a
Funase.
Este é um dos pontos principais que trava uma relação entre
os órgãos governamentais que deveriam manter uma relação construtiva. A leitura
interna nas cercanias do governo é de que a Secretaria da Infância e da
Juventude não mantém um relacionamento construtivo com a Funase e assim
prejudica a própria entidade.
Curioso é que a Secretaria da Infância e da Juventude não se
pronuncia quando ocorrem as barbáries. Deixa a bomba chiando nas mãos da
própria Funase.
As disputas internas no governo se refletem na questão
orçamentária.
Mistério: estava prevista verba orçamentária de R$ 80
milhões para construir novas unidades da Funase, em várias localidades do
Estado, a fim de resolver o problema das superlotações. A verba orçamentária
passava pelo crivo da Secretaria da Infância e da Juventude.
Fugas e rebeliões são deflagradas com a participação oculta
(às vezes até ostensiva) de pessoas que deveriam cuidar da segurança do
sistema. “Maiores infratores” usam os menores infratores como massa de
manobra.
A Funase não é tida como prioridade de governo na sua missão
de enjaular menores infratores estigmatizados como delinquentes periculosos. Na
realidade, a maioria dos que ingressam no sistema não são periculosos, no inicio
da “carreira” de infrações.
Mas, a “escola do crime” se encarrega de transformá-los em delinqüentes
periculosos ao longo do tempo. Há
informações desencontradas sobre os recursos de 80 milhões para resolver o
problema da superlotação e construção de novas unidades.
Se o dinheiro não sair do papel, as sucursais do inferno vão
dar sequência à crônica das rebeliões, fugas e barbáries anunciadas.
A bomba continua chiando e os avisos estão no ar.
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