02/12/2012 - 03h30
BRASÍLIA - Reservo a última coluna antes de rápidas férias
para tratar da mania de certos governantes e seus partidos de se sentirem donos
do governo e do próprio país.
Quando Marisa Letícia mandou a cadelinha passear em carro
oficial, desenhou uma imensa estrela vermelha no Alvorada e pôs os amigos dos
filhos para fazer turismo em avião e prédio públicos, estava dizendo que se
sentia "em casa" e sinalizando para os vários escalões do PT que sim,
nós podemos. Quer dizer: eles podem.
Foi assim, a partir de miudezas cheias de significados, que
os governos do partido foram se imiscuindo nos gabinetes, vulgarizando
decisões, aparelhando estatais, relativizando o conceito de ética e corrompendo
seus quadros.
A chegada ao poder incluiu milhões de pessoas e rendeu
recordes de popularidade e aplausos no mundo inteiro para Lula, mas inflou o
seu ego e foi letal para o partido. Desfez-se a aura, foram-se as ilusões,
exauriram-se os iludidos. Os espertos correram a tirar suas casquinhas.
As histórias memoráveis, a guerra contra a corrupção, a
paixão da militância, as lágrimas torrenciais na derrota de Lula para Collor,
em 1989, tudo foi por água abaixo e o partido patina no mesmo lodo dos demais.
Poucas vezes, como no escândalo Rose, adversários e aliados
de diferentes tendências condenaram tanto a confusão entre público e privado,
citada em 9 entre 10 artigos de opinião. Ninguém tem nada a ver com a vida
privada de ninguém, desde que não invada o bem público, fira princípios
elementares de gestão e confira poderes extraterrestres a meros(as)
terráqueos(as).
O que começa com cadelinhas para lá e para cá usando carro,
motorista e gasolina públicos é o que acaba em passaportes especiais, nomeações
esdrúxulas, apartamentos fantásticos e... mensalões. Não foi para isso,
convenhamos, que o PT foi criado e subiu a rampa do Planalto.
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