terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Enfrentar a tristeza é duro

O ser humano ao se deparar com o sofrimento alheio tem emoções diversas. Uma delas, nobre, de ser solidário, ser sensível ao que o outro está sofrendo. Mas no fundo de seu coração ninguém quer passar por sofrimento. Espera-se que esteja protegido, imunizado. Na minha infância vi alguns funerais, vi colegas em grande tristeza pela perda da mãe ou do pai, de um de seus avós... Mas a minha família seguia firme, eu tinha minha avó Amara, meus pais Ivonete e Oséas vivos. Primeiro minha Avó Amara partiu. Ela sempre foi a coluna de fé de nossa família, quando todo mundo ficava perplexo diante dos problemas ela sempre estava confiante em Deus e nada a abalava. A velhice foi chegando e com ela a fraqueza do corpo, e Jesus a chamou. Ficamos atordoados, mas seguimos. Meu pai não viveu conosco por muito tempo, eu tenho raras lembranças dele em casa, pois era muito pequeno, acho que tinha uns três anos quando ele foi embora. Mas a sua família também é a nossa família, e mantive um bom relacionamento com a meus parentes por parte de pai, a começar por Francelina sua esposa e Jorge, meu irmão. Vivia indo na casa de papai em Monte Verde, Jaboatão, passeamos muitos vezes, íamos para retiros da igreja que ele pastoreava. Toquei por bom tempo nos domingos lá. Mas essa disponibilidade era oscilante de acordo com os horários de trabalho e estudo. A perda do meu pai foi muito dolorida, faltou o chão, fiquei completamente desnorteado, não sabia direito o que estava falando ou fazendo, estava só vivendo. Fiquei muito angustiado e sem compreender como ele podia ter partido vítima da violência que nos cerca, um homem de bem e de fé. Mantive minha confiança em Deus em meio a dor, mas Jesus, por quê?
Então veio a dor mais terrível com a perda de minha mãe, o processo de descoberta da doença quando já desconfiávamos, o choque da confirmação, o choro da situação que deveria ser enfrentada. E aí vai começar a luta? seu corpo enfraquecido aparentemente não dava sinais de que suportaria um tratamento pesado, enquanto os profissionais de saúde junto com os gerentes de hospitais tentavam esquecê-la. Foi muita briga com gente de dinheiro, enfrentamento com plano de saúde que não queria gastar, o dia a dia de vê-la sofrendo até que um dia ela partiu. Descansou. Mas cadê a gente se conformar? sim, ela parou de sofrer, mas a presença dela era muito valiosa pra nós, ela é incomparável, mesmo com seus defeitos. A dor que ainda sinto é dilacerante, parece palpável. as vezes é tão grande, que não dá pra descrever. Queria ela por perto, almoçar com ela, ver aquela casa cheia de gente, escutar os "relas" que ela dava nos meninos, toda aquela convivência de acolhimento, de proteção que ela dava. Toda a alegria de viver que ela demonstrava, as brincadeiras, o seu joguinho de dominó antes de dormir com os amigos. Ela sempre me ligava para me dizer que me amava. Que sempre ia me amar. Eu como os filhos são as vezes envergonhados, ficava encabulado, mas também dizia que a amava. Deveria ter dito mais. Estive ao seu lado e presenciar o que ela passou está em minha memória. As vezes penso que vou parar, que não tenho força pra prosseguir. Mas meu Deus é minha força, meu Escudo, minha força. Ele é minha esperança.

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